Financiamento imobiliário: amortizar ou não?

“Quitinete de um quarto que eu comprei a prestação
pela Caixa Federal, au, au, au,
eu não sou cachorro não.”
(Raul Seixas, “É fim de mês”)

Muito já foi falado aqui no blog sobre financiamento imobiliário. Comentamos antes sobre o tema de hoje,  amortização do saldo devedor do financiamento. Trago um exemplo particular de um amigo que me pediu conselho. Há aproximadamente 4 anos ele financiou R$ 210 mil em 30 anos. A prestação inicial era de cerca de R$ 2 mil, sendo que menos de R$ 600 eram amortização, o restante eram juros, seguros, encargos etc.

Daí se vê que o financiamento imobiliário não é exatamente um excelente negócio, do ponto de vista financeiro. Paga-se uma carga imensa de juros, principalmente no início de contratos longos – nesse exemplo, a amortização representava 30% do valor da parcela, o restante eram custos financeiros. Mas, muitas vezes, é o negócio possível para quem quer ter seu imóvel próprio. Não é meu objetivo julgar o negócio em si, e sim opinar sobre o que se pode fazer agora, nesse caso.

O saldo devedor do financiamento atualmente é de R$ 180 mil, e é corrigido mensalmente pela TR. A prestação mensal, decrescente, está em R$ 1.800. A taxa de juros efetiva é de 9,6% ao ano. Para conceder essa taxa, o banco exigiu a contratação de cartão de crédito e abertura de conta corrente, ao custo mensal de R$ 30.

Meu amigo tem R$ 100 mil poupados em uma aplicação de baixo risco e alta liquidez, que rende 9% ao ano, já descontado o Imposto de Renda. Ele é financeiramente estável e disciplinado, consegue poupar mensalmente cerca de R$ 1 mil. A dúvida dele é se deveria usar a poupança para amortizar o financiamento.

O raciocínio básico é o seguinte: se os juros do financiamento são maiores que a remuneração das aplicações, compensa amortizar. O banco oferece duas modalidades de amortização: diminuir o valor da prestação ou antecipá-las. Se a prestação está comprometendo o orçamento familiar, a melhor opção é a primeira; se a pessoa tem uma quantia de dinheiro guardada e não vê uma boa opção de investimento, ou não quer correr o risco de gastá-lo, a melhor opção é a segunda.

Caso ele estivesse com o orçamento familiar apertado, a amortização de R$ 100 mil para diminuir o valor da parcela lhe traria um alívio de aproximadamente R$ 900 por mês, pois o valor da prestação cairia praticamente pela metade.

A outra opção, mais indicada no caso dele, que é uma pessoa disciplinada e com orçamento equilibrado, é a antecipação de parcelas. Com os mesmos R$ 100 mil, ele anteciparia aproximadamente 170 prestações, ou seja, mais da metade das parcelas restantes no contrato de financiamento dele.

A minha conclusão é a de que, na atual situação, ele não deve ficar ansioso para amortizar. É uma pessoa disciplinada, com orçamento equilibrado, tem um financiamento com taxa de juros não tão alta e uma aplicação com remuneração razoável. Com isso, a descapitalização para amortização não faz muito sentido.

Como eu disse, este é um exemplo bem particular. Para o leitor que tem financiamento, sugiro que faça uma análise detalhada da sua estrutura de endividamento e investimento, para tomar a melhor decisão. Está com dúvida? Entre em contato, fale do seu caso, talvez possamos ajudar. Se preferir, use nossa calculadora abaixo e simule você mesmo o resultado de amortização por prazo ou parcela!

——-

Atualização: Para tornar mais rentáveis suas aplicações financeiras, recomendo que visite também o nosso comparador de investimentos clicando aqui!

508 comentários

  • Bom dia!
    Estou fazendo uma divida de financiamento de um imovel na caixa no valor 27 mil
    Estou querendo fazer pela forma price, pois na sac minha prestacao de 290,00 e a pricer em 237,00 ambos 360 meses, gostaria de saber se pricer poderia amortizar em dinheiro?
    Estou financiamento 360 meses, mais pretendo quitar a divida em 46 meses a 50 meses.
    Todos meses vou depositar 300,00 e vou usar o fgts cada mes 200 reais
    No final a divida sera paga, mais gostaria de saber se pricer amortizar em dinheiro e usa o fgts como ja fiz pela sac, deste ja agradeco.

    • Juliano, obrigado pelo seu contato.

      Não sou especialista no cálculo da amortização pelo sistema Price (em breve serei, teremos os cálculos automatizados, como no SAC), mas você pode fazer amortizações extraordinárias, sim.

      Fique atento às regras de uso do FGTS. As amortizações podem ser feitas a cada 2 anos, ou você pode usá-lo para pagar até 80% das prestações, mas sempre pelo período de 12 meses.

      Abraço!

  • financiei meu 108 mil do meu apartamento em 30 anos, paguei quase 3 anos o valor de 580 reais, tenho 10 mil do meu fgts e mais 8 da minha esposa, a minha duvida é a seguinte:
    posso usar parte do meu fgts e o dela também? considerando que o imóvel está registrado no nome de ambos.
    A outra duvida é a seguinte:
    qual o melhor investimento, quitar parte do valor final ou reduzir o valor da parcela?
    considerando que o prazo é longo me ajudaria diminuir o valor mais não sei oq faço

    • Prezado Beto, obrigado pela sua mensagem.

      O manual do FGTS diz que “Pode ser utilizado o FGTS, desde que o cônjuge ou companheiro (a) que não é o adquirente principal compareça no contrato como co-adquirente” e, no Capítulo III,” AMORTIZAÇÃO OU LIQUIDAÇÃO DE SALDO DEVEDOR DE FINANCIAMENTO / REQUISITOS DO TRABALHADOR: O trabalhador deve ser titular ou coobrigado do contrato a ser amortizado ou liquidado”.

      Quanto à melhor opção (amortizar diminuindo o prazo ou a prestação”, peço que me envie mais informações. Qual é o sistema, SAC ou Price? Me informe também a taxa de juros e a data de início.

      Em breve o Educando seu Bolso vai lançar uma calculadora que informa para quanto caem o prazo ou a prestação, num financiamento pelo sistema SAC.

      Abraço!

  • Ola Boa noite , tenho um financiemto na caixa no valor de R$ 155.200,00 e paguei 1de 360 parcelas de 1034,00 reais o juros sao de 7,29%+ tr. na tabela price
    queria saber se eu amortizar 10.000,00 + – em quantos anos posso quitar essa casa

    • Prezado Rogério, obrigado pela sua mensagem.

      Se você já pagou 1 prestação, seu saldo devedor é de pouco mais de R$ 155 mil. Amortizando R$ 10 mil, ele cai para R$ 145 mil. Na tabela Price, a essa taxa de juros, a prestação de R$ 1034 é obtida com o prazo de 294 prestações.

      Abraço!

  • olá Ewerton,

    A 2 anos comprei um imóvel no valor de R$ 225.000,00 dei 25.000,00 de entrada e financiei 200.000,00 o valor da prestação hoje é de R$1.880,62 o Saldo Devedor Teórico em
    R$195.517,78 Juros/Correção do Mês (R$)1.306,73 -Amortização do Mês (R$)492,65. Minha duvida é ja pago a 2 anos se calcularmos 24 x 492,65= 11.823,60 porque ainda devo R$195.517,78? Percebo que os juros não baixam quase nada por mês, a diferença é de R$1,00 a 2 reais por mês. Tenho 15.000,00 de FGTS compensa eu utilizar para abater o valor das parcelas ou amortizar o valor total?

    • Vanessa, obrigado pela sua mensagem!

      Sua dúvida é bastante frequente por aqui. O que acontece é que a TR corrige mensalmente o seu saldo devedor. Então ele cai um tanto, graças à amortização do mês, mas ao mesmo tempo sobre um pouco, por causa da TR.

      Quanto ao uso do FGTS para amortização, quero esclarecer que, nos dois casos, você estará amortizando o valor total. Só que, em um, você diminui o valor das parcelas, e no outro você diminui o prazo.

      Quando existe a perspectiva de novas amortizações no futuro, normalmente eu prefiro amortizar diminuindo o valor da parcela, e investir a diferença em alguma aplicação segura e líquida.

      No seu caso, porém, o prazo do financiamento é longo. Você não disse, mas eu estimo que faltem cerca de 390 prestações. É isso que faz com que as amortizações mensais sejam tão baixas, quase iguais à correção pela TR.

      Fiz os cálculos usando a calculadora que o Educando Seu Bolso vai publicar em breve (estimando os dados que você não informou). Se amortizar diminuindo a prestação, esta possivelmente cairá cerca de R$ 130 (sendo R$ 100 nos juros e R$ 30 na amortização). Se diminuir o prazo, este cairá cerca de 90 meses. A prestação se manterá a mesma, mas a amortização mensal aumentará mais de R$ 100 (e os juros cairão os mesmos R$ 100, deixando a prestação do mesmo tamanho). Com isso, o saldo devedor vai cair mais rapidamente e o efeito da TR vai ser menor.

      Concluindo: se eu estivesse na sua situação, amortizaria primeiro diminuindo o prazo. Depois continuaria poupando para, no futuro, fazer novas amortizações. Possivelmente diminuindo a prestação.

      Abraço!

  • Olá Ewerton, boa noite!

    Gostaria de um conselho, por favor.
    Pretendo quitar meu financiamento imobiliário em no máximo 2 anos.
    Meu marido e eu decidimos pelo abatimento da dívida que está atualmente em R$ 105.269,42.
    A taxa de juros é de 12% a.a.
    Amortização R$335,26 (diga-se de passagem que o índice de correção faz amortizar ainda menos)
    Juros e encargos R$981,29
    Total da parcela R$1.316,55
    360 meses (46 parcelas pagas)
    Minha intenção é fazer a cada 6 meses o abatimento parcial da dívida, em média de R$25.000,00 a R$30.000,00 até totalizar o saldo devedor, pois não possui o valor do montante disponível.
    Nesses abatimentos semestrais o indicado seria a amortização do valor nas parcelas ? Já que minha intenção é quitar a dívida em dois anos.
    A diminuição em anos seria uma opção inteligente?

    Desde já agradeço a atenção !
    Abraços,
    Márcia

    Obs: seus posts são de grande ajuda! Obrigada por compartilhar seus conhecimentos!!!!

    • Márcia, obrigado pela sua mensagem. Interessante sua dúvida.

      Fiz uma simulação de dois cenários, lançando amortizações extraordinárias de R$ 25 mil.

      No primeiro cenário, amortizações diminuindo a prestação, levei em conta que o valor pago a menos seria integralmente aplicado em algum investimento líquido.

      No segundo cenário, amortizações diminuindo o prazo.

      Minha conclusão foi a de que os dois cenários são muito semelhantes. A dívida poderia ser quitada na quarta amortização (agosto de 2017), e a diferença de valor é pequena (dependeria da taxa a que o dinheiro seria aplicado, no cenário 1).

      Abraço!

  • Prezado Everton tenho um financiamento do Bradesco no valor de 228.000,00 no qual atualmente pago 2761,00 já paguei 6 parcelas meu saldo devedor caiu 1365,00 já nas amortização foram pagos 6 de 640 o que daria 3840,00 a diferença entre amortização e saldo devedor não bate a minha txa de juros nominal/efetiva é 10.4 e 11.0 vejo que cada parcela que pago o saldo devedor cai muito pouco minha renda familiar hoje é entorno de 9000 mensais meu orçamento está apertado gostaria de uma opinião para eu poder abaixar a dívida minha esposa tem 20000 no FGTS o que fazer com ele? E seria prudente fazer uma portabilidade de bancos será que conseguiria uma taxa melhor? Me responda

    • Prezado Márcio, obrigado pela sua mensagem.

      O motivo pelo qual seu saldo devedor cai menos do que o valor pago em amortizações é a correção pela TR. No primeiro mês, por exemplo, você pagou R$ 640 de amortização, mas o saldo devedor foi corrigido em cerca de R$ 400. É irritante, mas é assim que funciona.

      Quanto aos R$ 20 mil de FGTS, no seu lugar eu faria uma amortização extraordinária. No caso de diminuir o valor da prestação, esta cairia em cerca de R$ 220. No caso de diminuir o prazo, este cairia para pouco mais de 250 parcelas. A prestação permaneceria praticamente a mesma, mas com a vantagem de a amortização mensal passar dos atuais R$ 640 para mais de R$ 800, isto é, esse efeito da TR seria amenizado.

      Quanto à portabilidade, quando eu pensei em portar meu próprio financiamento, o novo banco me disse que eu precisaria fazer um novo registro do imóvel. Isso me custaria caro, anulando qualquer vantagem que a portabilidade pudesse me trazer. Caso, na sua cidade, você consiga se isentar desse pagamento, talvez consiga uma taxa melhor que a sua atual.

      Abraço!

  • Olá Ewerton,

    Estou aqui encantada com sua brilhante consultoria, sempre esclarecedor e solícito conosco. Parabéns pelo excelente trabalho. Esta área de financiamento imobiliário é realmente carente de esclarecimentos para nós clientes, temos muitas dúvidas e suas orientações são de grande valor.

  • Olá Ewerton,

    Tenho um financiamento com a Caixa que está atualmente com saldo devedor de R$ 78.000,00 com parcelas (187) de R$ 800,00.
    A taxa de juros é de 5,73% ao ano e tenho um custo aproximado de R$ 46,00 de taxas e seguro.

    Tenho uma reserva de R$ 20.000,00 gostaria de saber o que seria mais vantajoso amortizar a dívida do financiamento dado o aumento da TR, ou investir em LCI ou LCA por exemplo.
    Numa análise fria, olhando somente a taxa por taxa o investimento parece uma boa opção, mas creio que devo avaliar também a questão das correções da TR sobre o saldo devedor.

    • Prezado Jesse, obrigado pela sua mensagem.

      Muito bom seu raciocínio, aliás. É realmente necessário levar em conta a correção do saldo devedor pela TR.

      No seu lugar, levando em conta que a taxa de juros do financiamento é de cerca de 0,48% ao mês, estimando o Custo Efetivo Total em pouco mais que isso, e levando em conta uma TR de 0,2%, eu preferiria manter o dinheiro bem aplicado, em um investimento líquido, seguro e rentável.

      Abraço!

  • Prezado Ewerton Veloso, por favor me oriente, tenho um contrato de financiamento imobiliario de 321meses junto a CEF, paguei 20prestações, valor do imóvel 490mil, valor a ser quitado R$ 399.837,24, juros/correção ao mês 2.813,91, amortização 1.312,99, seguros 339,47 = R$ 4.491,37, tenho R$ 100.000,00 disponível a partir do dia 15 FEV 2016, e gostaria de diminuir o saldo, por favor me oriente se é melhor amortizar no valor do saldo ou no tempo(diminuir o prazo), será que vc conseguiria me passar os valores aproximados da prestação e +ou- saldo devedor.

    • Prezado Carlos, obrigado pela sua mensagem!

      Fiz os cálculos usando a calculadora que o Educando Seu Bolso vai publicar em breve. Se amortizar diminuindo o prazo, este provavelmente cairá para pouco menos de 150 meses. Se diminuir o valor da prestação, esta provavelmente cairá em pouco mais de R$ 1000.

      Estou dizendo “provavelmente” porque você não me disse a taxa de juros do seu financiamento, então precisei estimar. Mas é algo em torno disso.

      Abraço!

  • Bom dia Ewerton,
    Estou num processo decisivo de compra de uma casa nova no valor de R$ 800 Mil.

    A imobiliaria aceita meu apartamento (atual e quitado), no valor de R$ 400 mil, como entrada em permuta.

    E o 50% restante financiaria em 30 anos, com valor da parcela em torno de R$ 4900,00, com juros de 10%aa. E que respresenta 30% do meu rendimento atual.

    Tenho uma aplicação de R$ 110 Mil e estou pensando utilizar R$ 60.000,00 para financiar uma valor menor de R$ 340.000,00
    E com disciplina, aplicando o maximo que puder, afim de amortizar por numero de parcelas.

    Gostaria de saber, se financeiramente seria um bom negocio, considerando o aperto ao meu atual orçamento

    Muito Obrigado

    Antonio Caldeira

    • Prezado Antônio, obrigado pela sua mensagem.

      No seu lugar, eu compararia o rendimento líquido da aplicação e o Custo Efetivo Total do financiamento. Como esta taxa de juros é relativamente alta (10% ao ano), possivelmente seria bem vindo começar o financiamento com um saldo devedor menor.

      A partir daí, eu faria isso que você falou: pouparia e aplicaria o máximo que conseguisse, a fim de amortizar (mas talvez alternasse entre amortizar diminuindo o prazo ou o valor da prestação).

      Espero ter ajudado. Abraço!

  • Olá Ewerton, boa tarde.
    Tenho um financiamento com um saldo ainda de cerca de R$107.000.
    A próxima parcela está assim:
    Amortização:R$ 362,60
    Juros:R$ 834,00
    Seguro de morte e invalidez:R$ 52,57
    Seguro de danos físicos:R$ 5,13
    Tarifa – Administração de Contrato:R$ 25,00
    Índice de reajuste de prestação:1,001173
    Valor de correção monetária:R$ 126,17
    Valor total da prestação:R$ 1.279,30

    Tenho condição de sacar de um PGBL que tenho, e quitar a dívida do financiamento
    Vale a pena?

    Obrigado.
    Abraço

    • Prezado Jefferson, obrigado pela sua mensagem!

      Para ver se vale a pena sacar o PGBL é necessário comparar os detalhes das duas coisas. Taxa de rendimento, custos e condições gerais do PGBL. E taxa de juros, demais custos e prazo remanescente do financiamento.

      Em princípio, se o rendimento líquido do PGBL estiver menor do que o Custo Efetivo Total – CET do financiamento, vale a pena sacar, quitar e começar uma nova poupança a partir do que você vai conseguir economizar mensalmente ao se ver livre do financiamento.

      Mas, veja bem, isto não é um conselho. É apenas um comentário teórico. Para saber se, no seu caso, vai valer a pena, é necessário entender em detalhes cada uma das duas operações, conhecer o seu perfil, seus planos, suas perspectiva. Um bom consultor poderia te ajudar, ele colheria todas essas informações, traçaria cenários e proporia estratégias.

      Mas, basicamente, o começo do raciocínio é esse: comparar o preço do financiamento e o rendimento do PGBL.

      Abraço!

  • Muito bom seus artigos, Ewerton.
    Estou como uma dúvida, poderia me ajudar?

    Estou comparando financiamento imobiliário em dois bancos, Banco do Brasil e Caixa. Ambos disponibilizam simuladores on-line de fácil utilização para leigos.

    Estou simulando crédito de 316.500,00 em 360 meses pela tabela SAC. O BB apresenta o CET como 10,1% e a Caixa como 10,1984%. Perceba que o CET de ambos é bem próximo. No entanto, ao planilhar todas as prestações notei que se eu somar mês a mês cada prestação prevista até o final dos 360 meses o acumulado fica no seguinte:

    Caixa – R$ 789.201,15
    BB – R$ 900.922,52

    Tentei entender esta diferença gritante e me deparei com a TR. No simulador do BB você escolhe ou não se quer aplicar a TR. No caso, pedi para incluir a previsão da TR. No simulador da Caixa não há menção alguma de incluir ou não a TR. A única coisa que encontrei na Caixa é a menção de “Juros Efetivos – Taxas de juros a.a. + TR”.

    Pergunto:
    1) Será que o simulador da Caixa não está prevendo a TR?
    2) No CET eles precisam contabilizar a TR ou isso não é possível?

    Acabei fazendo outra simulação no BB pedindo para NÃO incluir a TR. O resultado final foi muito semelhante, segue:

    Caixa – R$ 789.201,15
    BB – R$ 778.959,98

    Se, de fato, a Caixa não estiver incluindo a TR nas simulações, é uma forma de enganar os clientes, tendo em vista que isso faz uma enorme diferença nos prazos longos de financiamento.

    Muito obrigado pela ajuda!

    • Prezado Andrei (é este o seu nome?), muito obrigado pela sua mensagem! Ela vai ajudar a outros leitores, com certeza.
      Fiz simulações nos dois sites, tentando chegar às condições que você apresentou (R$ 316.500 de financiamento, em 360 meses). Precisei simular um valor alto para o imóvel, para conseguir chegar a esses números.

      Cabe ressaltar desde já que as simulações variam de pessoa para pessoa. A cidade onde fica o imóvel, a renda familiar, a idade, o relacionamento com o banco, tudo isso afeta a simulação. Afeta inclusive a taxa de juros que a pessoa consegue. As minhas, por exemplo, foram 12,38% no BB e 10,66% na Caixa.

      Seu raciocínio possivelmente está certo, a diferença nos valores pode ser a inclusão ou não do reajuste pela TR. A Caixa provavelmente não contempla esse reajuste. Mas dizer que isso “é uma forma de enganar os clientes” eu considero um pouco forte. Repare que os dois sites fazem ressalvas quanto a os cálculos serem apenas estimativas. Aliás, eu não sei o que o BB usa como previsão da TR (já que esta é uma taxa futura).

      Os simuladores são muito úteis para a pessoa começar a se planejar, mas a conversa com o gerente, discutindo todos os detalhes, é importante.

      Quanto ao Custo Efetivo Total – CET, teoricamente os cálculos precisam incluir tudo. Não só a TR, como seguros, taxa de administração e, a meu ver, até mesmo os custos fora do financiamento (como manutenção de conta corrente e cartão de crédito, por exemplo). Acontece que esses cálculos quase sempre são imprecisos, caem no tal conceito de “apenas estimativas”. Mesmo porque, além de a TR ser impossível de prever com exatidão, o CET varia de mês para mês. Recentemente eu escrevi um artigo sobre isso aqui no blog.

      Espero ter ajudado. Mais uma vez te agradeço muito. Abraço!

  • TENHO UMA DIVIDA DE 100 MIL PARA PAGAR EN 360 PRESTAÇÕES A PRIMEIRA DE 1000 E A ULTIMA DE 300 REAIS JA PAGUEI 7 PRESTAÇÕES E NESSE MESES AJUNTEI 5 MIL COM ESSE VALOR VC SABERIA QUANTO DIMINUIRIA DA MINHA PRESTAÇÃO ?

    • Prezado Eduardo, obrigado pela sua mensagem!

      Fiz uma estimativa, a partir das informações que você passou: Financiamento de R$ 100 mil, com prazo de 360 meses, taxa de juros de 0,67% ao mês (8,34% ao ano), seguro + taxa de administração de R$ 50. Nessas condições, a primeira prestação é de cerca de R$ 1 mil e a última de R$ 330.

      Usando a calculadora do Educando Seu Bolso (que será publicado para o leitor em breve), creio que sua prestação diminuiria em cerca de R$ 50.

      Abraço!

  • Estou terminando de pagar um empréstimo de 1.755,00 reais, e gostaria de financiar um imóvel com uma parcela semelhante a esse valor, vi um apartamento aqui em Brasília no valor total de 175.000,00, falei com o corretor e disse que daria 35.000,00 de sinal, ele me respondeu com a seguinte proposta: eu daria os 35 mil de sinal, mais 11 parcelas de 1.000,00 até a entrega do imovel em dezembro de 2016, e saldo em 360 meses em torno de 1.000,00 a parcela, e aí? Dar p encarar? é um bom negócio? Desde ja agradeço sua imparcial opinião.

    • Prezado Nêiliton, obrigado pela sua mensagem!

      Vamos lá: o preço inicial é R$ 175 mil, você vai dar R$ 35 mil de sinal, resultando em um saldo de R$ 140 mil. Pagando 11 parcelas de R$ 1 mil, o saldo cai para R$ 129 mil (não estou levando em conta qualquer atualização monetária).

      Vou agora estimar a taxa de juros de um financiamento de R$ 129 mil por 360 meses, com prestação de R$ 1 mil, sem levar em conta seguros e taxas de administração.

      Se for utilizada a tabela Price, esse cenário significa uma taxa de aproximadamente 0,75% ao mês (9,38% ao ano). Se for utilizado o sistema SAC, significa uma taxa de aproximadamente 0,5% ao mês (6,17% ao ano).

      Pelo que você conta, creio que seja um financiamento direto com a construtora, e não com banco. Geralmente é utilizado o sistema Price.

      Se você levar em conta apenas a taxa de 9,38% ao ano, não parece um negócio ruim. Mas é preciso ficar atento com cláusulas nem sempre bem explicadas pelos corretores, como, por exemplo, a atualização mensal da prestação por algum índice de inflação, muito comum em negócios desse tipo.

      Abraço!

  • Ewerton, estou com uma dúvida.

    Tenho um financiamento junto a CEF de um imóvel. Minha prestação está em torno de 1480,00.

    Em 31/12/2014 havia um saldo devedor de ***157823,30***. Ao consultar o extrato para fins de IR desse ano, constava o seguinte:

    Amortização 4.679,93
    Juros/Correção Monetária 12.551,31
    outras taxas/seguros 777,46

    Saldo devedor em 31/12/2015 ***155.978,46***. se a amortização foi de 4679,93, porque meu saldo devedor diminuiu menos de 2000,00 no ano?

    Obrigado.

    • Prezado Carlos, obrigado pela sua mensagem.

      Seu contrato é diferente da maior parte dos que analiso aqui. Confesso que não compreendi bem como funciona a atualização pelo IPCA e onde entra o Fundo Garantidor. E, se for tabela Price, seria necessário saber o que diz o contrato a respeito de amortizações extraordinárias, e então fazer cálculos mais aprofundados.

      Me parece que é um contrato razoavelmente caro, levando em conta a atualização pelo IPCA. Nesse caso, me parece mais vantajoso procurar quitar o quanto antes, ou seja, diminuindo o prazo. Mas, como eu disse, é só uma impressão, a partir da minha compreensão limitada da situação. Me desculpe por não poder ajudar mais. Se quiser entrar em contato novamente, trazendo mais informações, será um prazer. Abraço!

      • Ewerton Veloso,
        Bom dia!
        Estou para financiar um apto comum saldo devedor de R$228.000 ( valor do imovel: R$ 450.000.
        Tenho um carro para vender por R$ 42.000 e pretendo amortizar no saldo devedor.
        Para comprar outro carro, tenho R$ 10.000 em dinheiro mais R$ 20.000 a receber em um prazo de 10 meses.
        Vale a pena amortizar e comprar outro carro nas minhas condições?
        Grato e parabéns pela sua colaboração.

        • Prezado Hugo, obrigado pela sua mensagem!

          Rapaz, não sei se entendi bem a situação. Fique à vontade para entrar em contato novamente com mais informações. Vamos lá.

          Pelo que entendi, você ainda não começou o financiamento, certo? (“Estou para financiar…”)

          Primeiro, sugiro que você avalie se essa troca de carro é tranqüila para você. Traduzindo: se é tranqüilo pegar um carro um pouco pior, desde que não te dê despesa com mecânico; se é tranqüilo ficar um tempo sem carro, entre a venda de um e a compra do outro; e se você não vai contrair despesa (financiamento) para adquirir o carro.

          Se a troca for tranqüila, eu acho que diminuir o saldo devedor, em princípio, é vantajoso, sim. A menos que seu financiamento imobiliário tenha uma taxa muito baixa. Nesse caso pode ser mais vantajoso manter o dinheiro bem aplicado. Tudo vai depender das taxas envolvidas.

          Abraço!

    • Opa, enviei a resposta errada. Eram dois leitores chamados Carlos, confundi as respostas. Aí vai a correta:

      Prezado Carlos, obrigado pela sua mensagem.

      O saldo devedor cai em montante menor do que o valor que você amortizou devido à correção mensal do saldo pela TR. É irritante, mas é assim que funciona…

      Abraço!

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Scroll to Top