Dívida faz mal à saúde? Faz e muito! Cerca de 40 % da população adulta no país – o que corresponde a 54 milhões de pessoas – começaram o ano de 2015 inadimplentes ou com algum desequilíbrio importante no orçamento. Os sintomas podem ser físicos, como dores de cabeça e estômago, mas são essencialmente emocionais, como ansiedade, medo e depressão.
Segundo reportagens recentes, o número de casos de saúde nos quais se investiga estarem associados a problemas financeiros tem aumentado significativamente. Isto tem despertado a atenção, por exemplo, do ambulatório do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Em alguns casos, já se faz com precisão o diagnóstico: estresse causado pelos débitos aparentemente sem solução! E o processo acaba sendo não só médico, mas de verdadeira desintoxicação, com grupos de ajuda conhecidos como D.A. (Devedores Anônimos) já localizados em várias cidades brasileiras.
Ainda de acordo com um estudo feito por psicólogos e economistas nas Universidades de Princeton e Harvard (EUA), a falta de dinheiro compromete a capacidade de pensar e todas as demais decisões se tornam lentas e imprecisas.
E não é só a dívida em si que pode causar danos à saúde, os mecanismos de cobrança também estão mais pesados: ligações regulares em casa e no trabalho; e-mails invasivos ou mensagens no celular, além do antigo cobrador “batendo na sua porta”. No atual cenário econômico, os efeitos tendem a ser potencializados com o aumento da inflação e do desemprego, como o blog vem discutindo regularmente (enfatizando formas de proteção do seu investimento).
Outro dado muito significativo – que pode ser relacionado a males de saúde decorrentes de problemas financeiros – resulta do grupo que mais demanda crédito nos últimos tempos, o de jovens adultos da periferia, segundo pesquisa da Serasa Experian. Este é um grupo visivelmente vulnerável, com baixa escolaridade; 30% habitando ruas sem identificação; dividindo a casa com familiares, também endividados; e, em 40% dos casos, são mulheres chefes de família. Este é um grupo que chegou recentemente ao mercado de crédito, não conseguiu – ou não quis – educar-se financeiramente e têm ainda mais dificuldade de sair de situações de endividamento. É um grupo controle para o diagnóstico acima.
A tentativa de solução do problema financeiro – que pode repercutir positivamente na sua saúde – é renegociar urgentemente suas dívidas. Aqui vão três regrinhas, reafirmadas rotineiramente no blog: (i) tentar trocar a dívida cara por outra mais barata, usando as modalidades do crédito pessoal e, principalmente, o crédito consignado – modalidade em que o desconto é feito diretamente na folha do trabalhador; (ii) migrar de banco pode ser uma boa solução, mas atenção: nos produtos financeiros é indispensável olhar o custo efetivo total, e não só os juros ou a parcela; além disso, os bancos não podem condicionar a portabilidade à contratação de algum outro produto ou serviço; e, (iii) mais do que trocar as dívidas, você deve ajustar seu orçamento de maneira que não volte a cair em dívidas no futuro (fuja do cheque especial e do cartão de crédito).
Por fim, você pode começar fazendo um teste de stress financeiro que pode lhe dar pistas da sua saúde financeira e se ela pode estar afetando sua saúde física e psíquica. Ainda que não seja o seu diagnóstico, é um bom começo de conversa.