Em uma fila esperando para buscar um documento foi quando vi uma cena que chamou minha atenção. Uma garota, com um lápis escrevendo os gastos daquele mês em uma planilha. Fiquei admirada com a riqueza de detalhes da sua planilha e não pude me conter, comecei a puxar assunto e passado um tempo eu disse: “Olha, me desculpe a indiscrição, mas não pude deixar de reparar seu empenho ao anotar nesta planilha”. E, comecei a contar a ela um pouco sobre meus estudos sobre Educação Financeira. Começamos ali uma “mini-entrevista”, pois ela ficou entusiasmada com o tema e disse adorar o assunto.
Ela contou que isso veio dela, da necessidade de se organizar para viver as coisas que quer. Ela não gosta de usar cartão de crédito e nunca teria um iPhone – foram suas primeiras revelações. Desde nova, observou a experiência dos pais: seu pai teve um posto de gasolina, mas não foi bem-sucedido e eles passaram por alguns apertos. Então quando ela começou a trabalhar, sentiu necessidade de controlar seus gastos.
Diferentemente de sua irmã, que compra o que quer, quando quer, usa o cartão de crédito para quase tudo e não possui reserva financeira, esta jovem desde cedo organiza tudo o que gasta, ela compra o que precisa e não simplesmente o que quer, gasta menos do que ganha, tem paciência para poupar e aprendeu a gerir o seu dinheiro. Contou-me que se não tem dinheiro ela NÃO compra e não gosta de comprar nada parcelado também. Observei que ela tem muito autocontrole. Disse que detesta viajar e ficar pagando a viagem depois, que isso nunca ocorreu. Ela gosta de viajar tranquila, sem dívidas e voltar já pensando na próxima que fará. Citou o exemplo da sua próxima viagem para os EUA, que já está toda quitada. Assim, quando voltar, já pode planejar a próxima.
Então fiquei pensando… Como ocorre a Educação Financeira? Necessidade? Adaptação? A pessoa nasce com isso? Entendi que o COMO é, sim, muito importante, mas no caso desta jovem, ela não teve o exemplo em casa e quis fazer diferente em sua própria vida. Hoje ela realiza tudo o que planeja e já sabe seu próximo objetivo que é a sua casa própria. Independente de termos o exemplo, a Educação Financeira deve ocorrer em algum momento para se construir uma vida mais equilibrada.
Ela confidenciou-me ao final da conversa, que atualmente já socorre alguns familiares financeiramente, como a tia e a irmã que às vezes precisam e ela sempre tem uma reserva e pode emprestar. Fiquei admirada com a determinação, clareza de objetivos, planejamento e disciplina que esta jovem tem com sua vida financeira. Ela não se deixa seduzir pelo momento e realmente não gasta além do que tem. Observei nesta experiência que um dos caminhos para uma vida financeira mais saudável passa por mudar pequenos hábitos do cotidiano, ser fiel a eles e manter-se atualizado sobre formas de gerir melhor o dinheiro para tomar decisões financeiras responsáveis.